Uma breve reflexão sobre o tempo

Parar para refletir sobre o tempo não é fácil, tais reflexões devem ser breves. Até mesmo porque o tempo passa tão rápido que as vezes nem percebemos que ele se passou, o que nos torna totalmente submissos a ele. Com as transformações advindas das "Revoluções" Industriais, a questão do tempo e nossa submissão a ele vem se intensificando, acompanhando o caminhar das inovações tecnológicas. Quanto mais a tecnologia se desenvolve, mais aumenta a impressão que temos de que o tempo "passou voando". Fique um minuto de frente ao computador e um minuto contemplando o céu. Veja qual pareceu passar mais rápido.

Em meio a estas transformações, nossa rotina vem se tornando cada vez mais monótona. As pessoas acordam, vão para o trabalho, almoçam, voltam pra casa depois de trabalhar, chegam em casa e vão dormir. E o dia seguinte é semelhante ao anterior, como se o futuro estivesse repetindo o passado. Nosso dia a dia é tão corrido que sobra pouco tempo para pensar, refletir, imaginar. Isso porque somos puxados por essa "espiral" que é o cotidiano, baseado no tempo, do qual somos autênticos escravos.

O tempo nos escraviza através de vários elementos do nosso cotidiano, que nos obrigam a agir depressa frente a várias situações e a estar em sintonia com esse ritmo frenético imposto pelo tempo, baseado no agora. Tudo é muito  rápido e instantâneo. A informação é transmitida em tempo real e em grande escala, exigindo de nós que a assimilemos de forma rápida para estar a par de tudo. As músicas contemporâneas são feitas com base em sons eletrônicos e ritmos frenéticos, servindo de trilha sonora para nos "embalar" nessa rotina alucinante. Os fast-foods nos fornecem a alimentação imediata que necessitamos nas rápidas refeições que o tempo nos reserva. Até a moda se baseia no instantâneo, seguindo as tendências do momento, do qual devemos nos adaptar nos vestindo, pensando e agindo conforme o que está na moda neste instante.

Apoiado por esse cotidiano monótono, o tempo passa tão rápido que as vezes parece que os dias se passam aos pares. Não é a toa que frases como "a semana passou voando!" são ditas com frequência. O dia seguinte não é muito diferente do anterior, muitos eventos se repetem. De que maneira aproveitar o tempo como ele deve ser aproveitado, se somos reféns do próprio tempo? Como escapar da ditadura do agora? Quem sabe se deixarmos de nos preocupar demais com o agora e passarmos a refletir sobre o modo como vivemos, abrindo possibilidade à uma vida também a longo prazo, possamos ter condições para transformar a nossa realidade perante a urgência do tempo.