sábado, 12 de maio de 2012

As sem-razões da dor



Eu te odeio porque te odeio,
Não precisas ser inimigo,
e nem sempre ei de te odiar.
Eu te odeio porque te odeio.
O ódio é estado da dor,
e com a dor não se flerta.

A dor é dada aos poucos,
é semeada no impossível,
na distância, na escuridão.
A dor foge a explicações
e a desculpas várias.

Eu te odeio porque não odeio
bastante ou demais a você.
Porque a dor não se doa,
não se oferece nem se procura.
Porque o ódio é o ódio a nada,
Inseguro e irado em si mesmo.

A dor é prima do amor,
e do amor impossível,
por mais que o tragam pra perto (e trazem)
a cada instante de solidão.

 (parafraseado de um poema de Carlos Drummond de Andrade, intitulado "As sem-razões do amor").


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